quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Muito além do talento (Juninho Afram)







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Não raro encontramos jovens ansiosos por participar da equipe de louvor. Uma considerável parte deles sonha tocar virtuosamente uma guitarra. Naturalmente, muitos desistem no meio do caminho — seja por falta de talento, disciplina ou simplesmente incentivo. Entre os que chegam a empunhar a guitarra no grupo de louvor é bem provável que eles conheçam — quando não se espelham — no guitarrista José Afram Júnior. Você não o conhece? Talvez o nome Juninho Afram seja mais popular. Líder da banda Oficina G3, que há uma década se dedica ao ministério de evangelismo através da música (mais precisamente, do rock’n’roll), o talento de Juninho ultrapassou as fronteiras da religião. Hoje, ele freqüenta algumas listas de melhores guitarristas do país feitas por revistas especializadas. Com seu jeito quieto e simples, o músico revela que o começo de tudo se deu no grupo de louvor da igreja que freqüentava. Admirador de guitarristas de grosso calibre como David Gilmour, Greg Howe, Steve Morse, Yngwie Malmsteen e Eddie Van Hallen, Afram se divide entre as apresentações de sua banda, workshops realizados por seus patrocinadores e a família. Membro da Igreja Cristã da Família, ele lamenta o fato de não ter tempo de se dedicar à equipe de louvor como gostaria. Em entrevista exclusiva, o guitarrista compartilha um pouco da sua visão sobre adoração — “desde pequeno entendi que a adoração tem que fazer parte da vida de um cristão” — e sobre a importância de ter princípios sólidos quando se alcança fama e sucesso.
Como você vê a adoração hoje?
Hoje em dia eu vejo duas coisas: uma é muito boa — as pessoas estão despertando para uma intimidade maior com Deus, para exercer aquilo para qual fomos criados, adorar a Deus. A outra é ruim — mais uma vez estamos criando regras para a ação de Deus, para o mover de Deus. Veja o exemplo da adoração espontânea. Foi algo que aconteceu com algumas pessoas num momento especial. De repente a gente começou a utilizar isso como regra. Outro exemplo: algumas pessoas sentiram que deviam se colocar diante do altar e de costas para a Igreja. Mais uma vez muita gente tomou isso como uma regra. Agora, aquele que adora de coração, experimenta coisa de da parte de Deus que quem não adora jamais vai experimentar. Estou falando de algo que ultrapassa os limites da música.
A sua história na música cristã começou como um ministério de louvor. Esta origem teve reflexos na maneira que você faz música hoje?
Desde pequeno entendi que a adoração tem que fazer parte da vida de um cristão. Jesus fala que o Pai procura adoradores que o adorem em espírito e em verdade. Então isso sempre fez parte da minha história, da minha vida. Eu nunca entendia essas referências que o homem dá: isso é adoração, aquilo não. Mas eu sempre tive nos meus momentos com Deus um tempo em que pude me fechar no quarto e cantar ou orar. Foram tempos difíceis que Deus muitas vezes me falava através de música. Um bom exemplo foi com a música “Deus eterno”, que surgiu num momento muito difícil pelo qual eu estava passando. Então acho que é muito lindo quando a gente tem este momento de intimidade com Deus.
E você acha que isto é reflexo do tempo que você participou de um grupo de louvor?
Acho que as pessoas confundem um pouco o trabalho do Oficina G3. Muita gente fala para nós: “vocês precisam se tornar adoradores”. O homem vê a aparência, Deus vê o coração. Veja o que aconteceu com Samuel quando foi ungir o novo rei de Israel. Eliabe era o filho mais velho de Jessé, homem formoso, e Samuel, que era homem de Deus — quantos de nós não gostaríamos de ser metade daquilo que ele foi —, olhou para Eliabe e teve certeza que ele era o ungido do Senhor. Mas Deus disse: “eu o rejeitei”. Então esse é o lance. Apenas Deus pode dizer se alguém é adorador. O fato de alguém levantar a mão e cantar “glória a Deus e aleluia” não faz dele um adorador.
Mas vocês sofrem muito preconceito por tocar música gospel?
Um dia desses tive uma experiência muito forte. Um rapaz chegou para nós e perguntou se lembrávamos dele. Dissemos que não. Daí ele perguntou: “vocês se lembram de uma apresentação num ginásio tal, em que só uma pessoa se converteu?” Lembramos deste dia por que foi um dos mais tristes do nosso ministério, e ficamos tentando descobrir o que havíamos feito de errado. Naquele aquele rapaz abandonou as drogas e hoje é pastor de uma igreja com 600 membros. Então é a nossa recompensa. Entenda bem, eu sou um adorador apaixonado por Deus. Mas até o termo adorador já se desgastou. Como gospel também. Acho que aquilo que nós somos só quem pode dizer é Deus. O que não podemos é fazer juízo de todas as situações. Mas isso não é uma coisa que não nos incomoda mais.
Você é reconhecido não só no meio evangélico como um músico talentoso. A música como arte exige esmero técnico, mas qual é a importância da técnica na adoração?
Na época em que dava aulas, eu costumava dizer para meus alunos que a técnica não faz o músico. Mas ela é a porta para que você coloque para fora tudo aquilo que está dentro do seu coração. Às vezes você tem coisas lindas dentro do coração, mas suas mãos e sua técnica não têm capacidade de colocar aquilo para fora. Não corresponde àquilo que você gostaria de transmitir. É como se uma pessoa quisesse expressar seu amor por pessoas que não conhecem seu idioma. Você tem boas intenções, emoções verdadeiras, mas não consegue falar nada. A técnica é fundamental para expressar aquilo que está no coração.
E você é disciplinado?
Já fui muito disciplinado no estudo do meu instrumento. Obviamente que as responsabilidades vão aumentando e a família também. Eu não consigo mais dispor de tempo que gostaria. Mas sempre que posso aproveito para estudar. Tenho tido a oportunidade de fazer workshops, que é um momento que passo com a galera da guitarra. O músico cristão tem que se aprimorar para oferecer seu melhor para Deus. Tem que ser sincero, mas tem que se aprimorar.
Muitos jovens se espelham em você e sonham alcançar um lugar ao sol, conquistar fama e sucesso. Você certamente deve conhecer muitos casos de gente que perdeu a cabeça ao se deparar com a fama e o assédio. Como você lida com isso?
Eu respondo muitos e-mails a respeito disso. Eu penso que isso é um exercício diário para entender que não somos nada. Como diz o Palavra, “aquele que pensa estar de pé cuide
 para que não caia”. Isso deve estar gravado no coração do cristão. Penso que tudo o que eu sou é por que o Senhor permitiu que eu fosse. Então, cuido para nunca esquecer disso, pois não cheguei aqui por eu sou o “bonzão”. O ser humano tem uma característica muito interessante: se não recebemos incentivos de nenhum lado desanimamos. Por outro lado, se começamos a receber muitos elogios corremos o perigo de achar somos bons por méritos próprios. Essa linha que divide um lado e outro é muito fina.


Por Renata Sturm, para a Revista Equipar
Entrevista extraída do site
Vineyard Music

http://estudos.gospelmais.com.br

Um comentário:

  1. Eu já curtia o jeito de ser do Juninho... depois de ler a entrevista entendi o porquê...

    Vlw Desson..

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