sábado, 11 de janeiro de 2014

PRINCÍPIOS PARA CRIAR-SE UM ARRANJO



Por Samuel Fratelli

O primeiro passo para a elaboração de um arranjo é definir o estilo musical que se quer desenvolver. Determinar o estilo talvez seja a parte mais importante, pois é com ele que escolhemos o público alvo e também obtemos uma boa noção do que é legal e do que não é legal de se usar no arranjo de acordo com o estilo (ex: bases de guitarra com distorção numa bossa nova).

Definido o estilo, o próximo passo é estabelecer o número de instrumentos que serão utilizados de acordo com os músicos disponíveis.

Com estes dois itens definidos, podemos então caminhar um pouco mais.

Na concepção do arranjo pode-se manter a harmonia que o compositor utilizou ou rearmonizar a canção ou parte dela. Não importa a harmonia que se quer utilizar (embora ela deva estar de acordo com o estilo escolhido), o importante é que, escolhida a harmonia, todo o arranjo deve trilhar sobre ela. É importante lembrar que para o vocalista é necessário escolher a tonalidade que se adequa melhor à sua tessitura.

Após a definição desses pontos é que se pode partir para o arranjo propriamente dito. A seguir alguns pontos a serem observados:

Estrutura:

É necessário identificar as partes de uma canção como estrofe, refrão e ponte, e determinar quantas vezes estas partes serão executadas. A estrutura é importante tanto para a organização da canção, como para definir o tempo de duração da mesma, pois de acordo com o público alvo, isto se torna um ponto importante.

Ainda dentro da estrutura temos: Introdução, Interlúdio e Finalização. O Interlúdio é opcional, mas Introdução e Finalização não. Um bom começo causa uma boa impressão no ouvinte. Um bom final deixa o ouvinte satisfeito e desejando ouvir novamente.

O Interlúdio geralmente é realizado com um solo de algum instrumento, porém pode ser realizado com um solo escrito ou convenção utilizando vários ou todos os instrumentos. Utilizamos o Interlúdio para ligarmos um trecho a outro, para criar tensão ou relaxamento no decorrer da canção.

Uma conexão entre arranjo e conteúdo literário é muito importante para a transmissão de idéias e mensagens. É claro que este é um ponto a ser observado desde a composição.

Distribuição de papéis:

É necessário definir quem vai fazer o quê dentro do arranjo.

Em primeiro lugar estabelecer a linha de baixo e bateria (baseando-se num grupo musical convencional), pois pertencem à seção rítmica (outros instrumentos podem contribuir à seção rítmica como guitarra, percussão, etc.). A linha de baixo é importante pois faz a conexão entre as seções rítmicas e harmônicas.

A seguir, definir a seção harmônica que pode ser formada por instrumentos harmônicos ou por um grupo de instrumentos melódicos (ex: quarteto de cordas, naipes de metais ou vocal).

Pode-se ter outros instrumentos responsáveis pelos efeitos, que podem gerar um clima específico ou "colorir" o arranjo.

Outra possibilidade que possuímos é o contraponto, que pode ser executado por um ou vários instrumentos melódicos. É um recurso que pode ser bem explorado, mas é necessária muita cautela ao criá-lo e executa-lo. O contraponto não pode "brigar" com a melodia principal, mas apenas "passear" em volta da melodia criando um movimento, porém nunca esquecendo-se da harmonia pré-determinada.

Clareza:

Muitas vezes ao elaborar um arranjo, várias idéias surgem e nossa vontade é utilizar todas elas, porém é preciso sempre ter em mente que todas as informações contidas na canção devem ser "digeridas" pelo ouvinte. Portanto, utilizar-se de vários tipos de idéias e instrumentação pode "poluir" e deixar a música cansativa.

Podemos então estabelecer que a ferramenta mais importante que um arranjador deve possuir depois da criatividade é o bom senso e o bom gosto.

Fonte: adorando.com.br

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